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Com cenas no Brasil e na Itália, o filme aborda, com delicadeza, as teias do passado de uma família e percalços da vida adulta

SINOPSE:

Ao perder o pai, Cora, 18 anos, viaja com a avó para a Itália. Ao chegar em Polignano a Mare, na região da Apulia, onde está acontecendo o Festival de Música, ela se encanta com o evento e com Marcello Bianchini. Em meio aos problemas familiares, Cora conhece o amor, a admiração e um lado amargo da vida, para o qual procura respostas. Vive seu ritual de passagem para a maturidade a vida adulta. https://www.duettoofilme.com.br/

Lúcia (Marieta Severo) e a neta Cora (Luisa Arraes). Foto disponibilizada no site do filme.

O filme aos meus olhos

O filme DUETTO é ambientado em 1965 e se passa em dois espaços: começa no Brasil, com o falecimento abrupto do pai de Cora (Luisa Arraes). Logo a seguir, ela embarca coma avô (Marieta Severo, sempre impecável e profundamente convincente na personagem) para a Itália. A estadia das duas ocorre durante um Festival de Música, que recebe um queridinho da música local, o galã Marcello Bianchini – encenado pelo ator que os olhos mais espertos já viram na franquia 365, filme da Netflix. O papel do italiano Michele Morrone em DUETTO lhe caiu melhor do que o mafioso do filme hot, com roteiro fraquíssimo, mas executado de forma… Energética, convenhamos.

Em meio à trama truncada da família, que demora a ser revelada, Cora se envolve com o cantor antes de sua misteriosa morte. “Ele se parece o meu pai”, disse a jovem deixando claro o paralelo com o pai (Freud, venha cá ver um negócio…!), falecido há pouco tempo e que largou a música quando ela nasceu.

Duas tramas vão se desenrolando ao mesmo tempo: Cora, o cantor e um filho adotivo do casal italiano, tios de Cora, num certo triângulo amoroso.

A outra, que sustenta o filme e me atraiu mais, é a de Lúcia que reencontra sua irmã e cunhado depois de 40 anos, noutro triângulo.

Marcello Bianchini (Michele Morrone) como músico no festival.

A minha experiência

A fotografia é linda e é bem explorada. O filme é delicado e sem pressa. Eu, acostumada aos roteiros mais ágeis dos nossos bens de consumo mais populares, fiquei um pouco aflita no começo, mas logo percebi ser uma inquietação minha (Freud, venha cá de novo, por favor!). Então, me entreguei ao filme e deixei a ficção fazer a sua mágica: nos envolver como se fôssemos todos as personagens ao mesmo tempo.

As fichas sobre o filme só me caíram depois, na volta para casa: as faltas e as substituições, as revelações do passado, os confrontos entre a razão e a emoção, que ficou bem polarizado nas irmãs. O romantismo que explica e incentiva loucuras da paixão versus e a praticidade de fazer o que deve ser feito, rondam o filme.

Uma outra mulher, de uma geração que fica no meio das duas tramas, surge para trazer luz ao que estava travado: a mãe de Cora vai à Itália. Interessante aqui é pensar que rejeitamos nos outros, o que negamos em nós mesmos. Fica a dica para a relação dela com uma importante personagem. (Freud, pode cobrar a sessão!)

Cora, uma das personagens centrais, ingressa, de fato, na vida adulta, compreendo as angústias e as incertezas que rondam a vida de mulher adulta.

O filme é bom para ser visto com calma e deixando as reflexões virem depois.

As irmãs Lúcia (Marieta Severo) e Sofia (Elisabetta de Palo).

*Assisti ao filme por meio de convite da Imagem Filmes, na manhã do dia 21, no Cinemark, do Pátio Savassi, BH. Obrigada!
** As fotos que ilustram a postagem são do site do filme: https://www.duettoofilme.com.br/


6 comentários

Mariny Alves · setembro 22, 2022 às 9:18 pm

Oi, Laurinha! Saudades das suas postagens, fazia muito tempo, hein? Adorava as referências ao autoconhecimento que você fazia, como fez agora. Fiquei com vontade de assistir. E siga por aqui que serei frequente! Beijinhos
Mariny Alves/SP

    Laura Conrado · setembro 22, 2022 às 9:53 pm

    Oi, Mariny querida, quanto tempo, né? Muito bom receber seu comentário!
    Beijos

RENATA LAUDELINO · setembro 22, 2022 às 9:47 pm

Só de ter o bofe do 365 meu deeeeusss… auahauhaua…. Parece ser bonito o ator só ajuda, fato! Boa sorte no blog vc escreve lindo nos livros e aqui.

    Laura Conrado · setembro 22, 2022 às 9:48 pm

    É, não deixa de ser um incentivo! Obrigada, Renata! Volte sempre, fico feliz!
    Beijos, Laura

Débora · setembro 22, 2022 às 10:25 pm

Laura, adorei sua análise e só me instigou mais na minha experiência de ver o filme. Vou ficar atenta às nunaces. Mas adorei o “olhos mais espertos já viram” e ” executado de forma energética” rsrs, só pra as entendedoras que entenderão!

    Laura Conrado · setembro 23, 2022 às 2:26 pm

    Querida Débora, que bom ter sua preciosa presença aqui! Adorei seu comentário, rs, volte sempre! Vc é boa entendedora!
    =)
    Beijos mil!

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